quinta-feira, 28 de junho de 2012

Durante toda a nossa existência procuramos um sentido para a vida. Não a vida científica, mas a vida no seu estado mais complexo, no seu estado de valer a pena viver, se é que é possível entender isso. Procuramos dos horizontes às fantasias que pairam na nossa mente, mas é sempre igual. Mesmo livres, acabamos navegantes de um deserto chamado coração; somos tão sensíveis quanto uma pétala. Necessitamos tanto de alguém como de oxigénio.
É tanta coisa em tão pouco tempo, mas nos lábios calados de duas pessoas, todas essas coisas se tornam uma só com apenas um olhar. À volta, a órbita segue o seu sentido e rumo, mas se ambos pudessem congelar o tempo num beijo, fá-lo-iam sem pensar. Comprimir-se-iam no universo sem gravidade e dançariam na melodia do riso engraçado e atordoado dela. Seguiriam sem mapa nem destino, apenas com uma luz que os guiasse com a mais segura certeza.
Conheci muitas histórias, mas nada foi capaz de me fazer acreditar que o diferente não metia medo. Este é inútil perto do gosto da saliva dos verbos que acompanham a nossa coragem. Em meras distorções criámos rimas e prometemos a nossa alma somente por nós. O sempre será a dúvida de toda a nossa vida, mas em compensação aproveitaremos a eternidade. O que fica connosco é o amor que oferecemos, aquele que se petrifica independentemente da matéria que levamos, não como um peso pela sua dor, mas pela sua sensação de plenitude. O segredo é ter alguém que nos carregue mesmo que pesemos imenso, que sonhe em estar connosco ontem, hoje e amanhã e que nos abrace mesmo a ventos de distância.
Dia após dia, a minha sincronia contigo aumenta, mas basta olhar pela janela para conseguir ver quilómetros costurados entre nós. O que me conforta é saber que estamos por baixo do mesmo céu. E agarro-me a isso com tudo o que tenho.