quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012





O mundo cegou. Cegou de tal maneira que as pessoas não se veem umas às outras; veem apenas o seu próprio umbigo. A mim passa-me ao lado; essa mesquinhez do desdém do vizinho. O mundo lá fora não me diz nada, não me atrai, não me motiva. O melhor mesmo é o meu quarto. Aquela pequena salinha que se torna no meu único refúgio e me permite, inanimada, tornar reais todos os meus sonhos. Apetece-me dormir para sempre! Chamem-me só quando as coisas mudarem. Chamem-me só quando a cor da pele não for importante, quando as marcas deixarem de ter algum valor para a vida social, quando pisar os outros deixar de ser diversão. Chamem-me só quando a paz se sobrepuser à guerra. Chamem-me quando o futebol deixar de ser o desporto rei, quando a corrupção não reger a política, quando o sexo masculino deixar de escolher as raparigas pelo corpo. Chamem-me quando a homofobia deixar de existir. Chamem-me quando distribuir comida, e outros, nos países mais pobres for mais importante do que construir o maior edifício do mundo. Chamem-me quando tiver as pessoas que amo perto de mim. Chamem-me só quando tudo estiver simplesmente diferente...