sexta-feira, 14 de outubro de 2011






Naquele instante, sorri. Já há algum tempo que não o fazia de forma sincera. As semanas foram passando e eu fui-me adaptando à nova etapa da minha vida – uma vida sem ti. Primeiramente, jurei que ia lutar. Sim, eu prometi a mim mesma que o iria fazer, mas o que é certo é que as minhas forças se desvaneceram. Com o tempo e com a falta de respostas tuas, fui perdendo a única forma que tinha de lutar e comecei a desistir, aos poucos. De dia para dia, mentalizava-me de que tu tinhas ido embora. Encarei a tua ausência (física e psicológica) como uma ida tua para outro lugar qualquer. E, no fim de contas, foi o que realmente aconteceu. Tu partiste sem avisar e deixaste-me aqui, com o coração nas mãos e com todas as recordações que tínhamos dentro de uma caixinha. Comecei do zero. Organizei as ideias, pus fim às lágrimas e aventurei-me num novo início. Não foi fácil, confesso, mas que não seria fácil já eu sabia de antemão. Os fins nunca são acessíveis e essa dificuldade prolonga-se para os novos começos. Há sempre algo que fica e que nos traz muitas noites sem dormir, muitos momentos a olhar para o nada e a pensar no tudo. E quando nos apercebemos estamos naquele sítio, a ler aquelas palavras e a reviver aqueles momentos. Sozinhos.
Por fim, chegou o dia em que meti na cabeça que tinha de seguir um rumo; na cabeça e, essencialmente, no coração. Tinha-o completamente ferido e não podia deixar que continuasses a feri-lo ainda mais. Levantei-me do beco em que me encontrava. Movi mundos, uni esforços e consegui adquirir uma atitude com que fosse capaz de me aguentar sem chorar. Essa atitude entrou de tal maneira no meu ser que se tornou na minha maior defesa; na minha maior arma. Por vezes, referiste que já não me conhecias, que já não era a pessoa linda por quem te tinhas apaixonado, que me querias de volta. Em todas as vezes eu tive de pensar em mim primeiro e disse-te sempre que não. Não ia voltar para alguém que tinha feito sofrer daquela forma, não ia voltar a ter a vida que tinha tido em tempos anteriores. A verdade é que fomos muito felizes juntos, não vou negar, mas agora já não há nada em ti que me faça feliz. É estranho como de um momento para o outro eu consegui passar a ver-te apenas como um amigo. Neste momento quero ser feliz assim, apenas com as pessoas que têm tomado conta de mim, que não me deixam pensar nos teus erros e, acima de tudo, me apoiaram a troco de muitas lágrimas.
Hoje voltei a conseguir ser eu. Não é que tenha andado este tempo todo a fingir ser outra pessoa, mas voltei a sentir-me feliz. Consegui sorrir, verdadeiramente. Consegui sentir-me protegida. Talvez hoje tenha sido o dia em que respirei um novo ar – o ar da mudança.